TRAJETÓRIA DA
LITERATURA INFANTIL
A
Literatura Infantil surgiu no século XVIII na Europa, mas somente no final do
século XIX ganhou força, momento este que despertou o interesse das
instituições que trabalhavam com crianças, adotando critérios de seleção das
obras de acordo com o público alvo e determinando qual seria a linha de ação.
No
Brasil, a Literatura Infantil nasceu somente no final do século XIX e início do
século XX, apesar que desde a implantação da Imprensa Régia em 1808, houve as
primeiras publicações de livros infantis. Porém, sua circulação era precária e
tinha uma carência de material de leitura destinado às crianças, por isso os
escritores brasileiros faziam apenas uma adaptação e tradução dos clássicos
infantis europeus.
Com
a modernização, a Literatura infantil teve uma emancipação e ganhou autonomia.
Esse período ficou conhecido como o segundo período da literatura infantil,
onde houve um aumento significativo na produção desse gênero, bem como a adesão
de alguns escritores comprometidos que incorporaram elementos inovadores à
literatura.
A
terceira fase da evolução da literatura infantil no Brasil, compreendida entre
as décadas de 40 e 60, é caracterizada pela fertilidade literária,
aperfeiçoamento dos autores, das editoras e a expansão do mercado.
Já
a produção da literatura infantil no Brasil entre os anos 60 e 80, preocupava
tanto com a produção e o consumo quanto com a forma e o conteúdo das obras.
Lembrando que na época medieval não havia uma literatura específica para as
crianças, estas fazia a leitura de clássicos, o critério utilizado para a
escolha da obra era apenas moral, o que auxiliaria na sua formação.
Portanto,
Monteiro Lobato vem com inovações para mudar esse caráter utilitário que a
literatura infantil tinha, o seu objetivo não era trabalhar a literatura com o
objetivo de ensinar preceitos pedagógicos ou morais, mas propiciar ao leitor o
desenvolvimento do senso crítico e ampliar a sua visão de mundo.
BIOGRAFIA DE MONTEIRO LOBATO
José Bento Renato Monteiro Lobato nasceu Na cidade de Taubaté,
interior de São Paulo no dia 18 de abril de 1882. Faleceu no dia 04 de julho de
1948. É considerado um dos maiores e influente escritor brasileiro do século
XX. Monteiro Lobato é reconhecido como autor de importantes traduções e editor
de livros inédito, popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra
de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária.
Monteiro Lobato formou-se em Direito, atuou como promotor
público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Lobato
passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que,
posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso
escritor.
Esse famoso escritor tornou-se também um editor e passou a
editar livros no Brasil, pois teve uma época em que os livros brasileiros eram
editados em Paris ou Lisboa. Suas obras
possui uma linguagem simples, onde realidade e fantasia estão interligadas,
essas características cativam as crianças.
Suas personagens mais conhecidas
são: Emília, uma boneca de pano; Pedrinho, personagem que o autor se identifica
quando criança; Visconde de Sabugosa, a sábia espiga de milho, Cuca, vilã que
aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras
personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Obras de
Monteiro Lobato:
·
Ideias de
Jeca Tatu, conto, 1918;
·
Urupês,
conto, 1918;
·
Cidades
Mortas, conto, 1920;
·
Negrinha,
conto, 1920;
·
O Saci,
literatura infantil, 1921;
·
Fábulas
de Narizinho, literatura infantil, 1921;
·
Narizinho
Arribitado, literatura infantil, 1921;
·
O Marquês
de Rabicó, literatura infantil, 1922;
·
O Macaco
que se fez Homem, romance, 1923;
·
Mundo da
Lua, romance, 1923;
·
Caçadas
de Hans Staden, literatura infantil, 1927;
·
Peter
Pan, literatura infantil, 1930;
·
Reinações
de Narizinho, literatura infantil, 1931;
·
Viagem ao
Céu, literatura infantil, 1931;
·
Caçadas
de Pedrinho, 1933;
·
Emília no
País da Gramática, literatura infantil, 1934;
·
História
das Invenções, literatura infantil, 1935;
·
Memórias
da Emília, literatura infantil, 1936;
·
Histórias
de Tia Nastácia, literatura infantil, 1937;
·
Serões de
Dona Benta, literatura infantil, 1937;
·
O Pica-Pau
Amarelo, literatura infantil, 1939.
Algumas Fábulas de Monteiro Lobato:
·
O Cavalo
e o Burro;
·
A Coruja
e a Águia;
·
O Lobo e
o Cordeiro;
·
O Corvo e
o Pavão;
·
A Formiga
Má;
·
A caçada
da Onça.
RELEITURA DA OBRA VIAGEM AO CÉU
DE MONTEIRO LOBATO
Em uma noite muito
iluminada dona Benta estava sentada na varanda com seus netos Pedrinho,
Narizinho, a boneca Emília, o Visconde de Sabugosa e Tia Anastácia, os meninos
estavam curiosos sobre os mistérios do cosmos, a avó contava várias histórias
interessantes que cada vez mais aguçava a curiosidade e a vontade de aprender
sobre o tema.
A curiosidade foi tão
grande que Pedrinho consegue obter uma boa dose do pó de pirlimpimpim, o pó
mágico que transporta as criaturas a qualquer ponto do espaço e a qualquer
momento do tempo. Espalhando pitadas a Narizinho, Emília, Visconde, tia
Anastácia e o Burro Falante, começam a grande aventura da viagem para a
imensidão do espaço.
Os netos curiosos e
sedentos de saber de Dona Benta vão parar primeiramente na Lua, onde para a
surpresa de todos encontram São Jorge e tia Anastácia com grande alegria se
torna cozinheira do Santo, enquanto os demais participantes desta incrível
empreitada visitam Marte, Saturno e a Via Láctea. Emília a bonequinha curiosa,
enquanto viaja pelo sistema solar, fica encantada com as cores de Vênus e
decidem todos conhecer aquele lindo planeta laranja, chegando lá descobrem os
pequenos seres que habitam aquele lugar misterioso.
Emília tinha razão, lá
os seres vivem em perfeita harmonia com a natureza, pois se sentem como parte
dela, no Planeta Vênus todos os seres é respeitados, a natureza se mantêm ainda
em seu modo primitivo, porém a evolução dos seres se mostra em cada
detalhe.Todos ficaram encantados, e Emília
acrescentou: Esse é um grande exemplo para o planeta terra. E os
desbravadores continuaram sua aventura por Saturno e a Via Láctea, e viajando
pelo cosmos encontram o Anjinho de Asa Quebrada.
Enquanto brincam no
espaço sideral, os meninos se encantam com tantos conhecimentos que são
vivenciados, porém não se dão conta que essa grande aventura está alterando a
harmonia espacial.
Lá da terra três
estudiosos do espaço, conseguem visualizar a turma de Dona Benta conhecendo a
lua e os cometas, Saturno, Marte, satélites e sondas espaciais, para que seja
novamente estabelecida a paz no espaço sideral os astrônomos vão até o Sítio do
Pica Pau Amarelo para pedir a dona Benta que chame atenção dessa turma
bagunceira.
Dona Benta se desculpa
e vai até janela e com um grito mais alto ela chama Pedrinhoooooo,
Narizinhoooooo, Emíliaaaaaa, desçam já daí, voltem para casa!
E assim a turma
aventureira de Dona Benta retorna ao Sítio do Pica Pau Amarelo repletos de
novidades do espaço para contar para avó.
ATIVIDADE
DE ARTE
As obras de Monteiro
Lobato têm como característica grandes recursos de texto, tem uma linguagem
acessível, esses aspectos facilitam o planejamento da atividade.
Neste caso específico
da obra Viagem ao Céu seria sugerida em um primeiro momento a organização de um
passeio ao planetário da cidade, no passeio seriam feitas diversas explanações,
como forma de vivenciar a realidade dos aspectos espaciais.
Este passeio seria
exclusivamente, de pesquisa de caráter científico, muitos questionamentos poderiam
ser lançados e posteriormente discutidos em sala de aula.
Já em um segundo
momento depois das diversas dúvidas esclarecidas, seria proposto aos alunos a
construção de uma maquete do nosso sistema solar, como instrumento revisão e
verificação de aprendizagem para fechar o tema.
COMENTÁRIOS
E CRÍTICAS
A fantástica obra a
“Viagem ao Céu” deste consagrado autor que trouxe a característica de
brasilidade para a literatura infantil só vem reforçar como Monteiro Lobato era
uma autor completo em seu talento.
Nesta obra percebemos
como o autor consegue tratar de um tema complexo como o espaço sideral de
maneira tão divertida, enriquecedora e intensamente interdisciplinar.
O autor demonstra
atenção ao universo infantil, as questões que geram a curiosidade e a vontade
de aprender das crianças, qual de nós não temos inúmeras dúvidas sobre o céu e
as estrelas, será que existe vida em outros planetas?São questões que permeiam
o universo infantil, e esse brilhante autor traz em estilo de texto não só a
criatividade e uma linguagem simples, mas aborda também questões de crítica
social, faz com que as crianças sejam pequenos questionadores da realidade que
os cercam.
A releitura desta
história neste trabalho explicitado é colocada de forma resumida, porém nos 25
capítulos da obra observamos os diversos aspectos de crítica à sociedade, em
deles em especial dona Benta explica aos netos como as pessoas inteligentes e
visionárias eram e são perseguidas por serem mais esclarecidas, que as outras.
Monteiro Lobato cita
diversos exemplos como o de Galileu Galilei, que teve que engolir sua ciência
para não ser queimado vivo pela inquisição, Hipátia uma sábia grega que vivia
em Alexandria e foi educada pelo pai, estudou em Atenas para ampliar seus
conhecimentos e quando retornou a Alexandria abriu uma escola.
Nesta escola ela
transmitia os pensamentos de Sócrates e Platão, se tornou amada pelo povo, e
sua imensa sabedoria começou a incomodar imensamente um bispo que se chamava
Cirilo, então ele mandou um grupo de capangas atacá-la e eles não apenas a
mataram como também esquartejaram a sábia mulher, ela foi morta pelos
conhecimentos que transmitia ao povo, iluminava a ignorância do povo, esse foi
seu crime.
Assim como Hipátia
foram inúmeros os mártires que foram torturados e mortos ao longo dos séculos
por saberem mais e não permanecerem nas trevas da ignorância.
O autor se utiliza de
seus personagens com uma linguagem adequada e cita esses exemplos para que as
crianças tenham consciência de que nem sempre o mundo foi assim como conhecemos,
ressaltando a dinâmica da realidade que nos cerca de uma forma perspicaz.
Monteiro Lobato foi um
intelectual brasileiro, nacionalista e desenvolvimentista que estava sempre à
frente de sua época, e possível observar em sua obra de forma geral que o autor
evidencia a todo tempo a importância de exaltarmos o que é nosso.
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